Este post é para falar sobre o talvez "maior filósofo vivo da língua portuguesa"* o cantor, guitarrista e compositor Lulu Santos.
Uma vez Lulu cantou “as vezes eu me sinto uma mola encolhida”.
Afinal de contas, quem, principalmente nesses dias chuvosos, tristes, nunca se sentiu “uma mola encolhida”?
Dizer que está de baixo astral, triste, deprê, qualquer um diz.
Mas se sentir uma “mola encolhida” é muito mais que isso. É um amplo aspecto muito mais completo, uma mistura de sentimentos de tristeza, impotência, angústia, força contida até mesmo solidão que a analogia “mola encolhida” traz e que poucas outras expressões conseguem compreender.
Lulu Santos consegue como poucos captar o Zeitgeist, ou seja o espírito do nosso tempo com palavras e analogias fantásticas.
Frases e expressões como “Não leve o personagem pra cama, pode acabar sendo fatal”, "tomar o mundo feito coca-cola", considerar “justa toda forma de amor” e “as vezes eu me sinto uma mola encolhida” são clássicos da filosofia moderna.
Mas vamos agora passar à análise do Mito Fundador da escola de pensamento lulusantiana (ou seria melhor lulusantista?) a profética “Tempos Modernos”.
É uma letra que traz em seu bojo todo um arcabouço teórico-filosófico-revolucionário, tão grande que seria suficiente para fundar além de uma escola filosófica até mesmo uma religião.
Esta seria a Igreja Lulu-Santista dos Tempos Modernos (ILSTM).
O conteúdo de “Tempos Modernos” vai no cerne exato em que uma religião deve se basear.
As religiões deveriam fazer as pessoas viverem melhor. Nunca semear a discórdia, o preconceito e o ódio, como quase todas religiões acabam por fazer.
Religiões deveriam apenas propagar o mais nobre dos sentimentos, o Amor.
Então vamos, juntos entoar este louvor:
Tempos Modernos
Composição: Lulu Santos
Eu vejo a vida
Melhor no futuro (esperança, a base de toda religião)
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...(falou tudo, chega de hipocrisia e preconceito)
Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão... (esperança, fartura, satisfação e alegria no céu e na terra)
Eu quero crer
No amor numa boa (amor, a base de tudo)
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar**, a força
Que tem uma paixão... (amor, para todos, isso é o fundamento da ILSTM)
Eu vejo um novo
Começo de era (esperança)
De gente fina
Elegante e sincera (os seguidores da ILSTM)
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...(acabar com a hipocrisia e espalhar o amor só depende de nós)
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir... (A mensagem final: vamos amar e fazer um mundo melhor, agora, não há tempo a perder. Não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo que há para viver. Vamos nos permitir!!!!)
* Segundo a minha definição
** Neste ponto chegamos à um ápice do poder revolucionario da obra lulusantiana. Além da revolução filosofica, religiosa e comportamental evidentes aqui surge também uma nova revolução. Uma revolução linguística. Quando Lulu Santos usa realizar no sentido do inglês "To Realize", no sentido de "se dar conta de" está provocando uma revolução linguistica. Mais do que isso, está promovendo a união dos povos latinos com os povos anglo saxões. É muito, muito mais do que muitos filosofos jamais ousaram pensar em fazer.
Ou será que Lulu queria dizer realizar no sentido de tornar real? Neste caso "qualquer pessoa" estaria tornando "a força que tem uma paixão" em algo real, palpável. Assim, neste caso teríamos a força revolucionária de uma paixão, do amor, realmente mudando o mundo. That's The Power of Love.
Um comentário:
Eu sou devoto da ILSTM.
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