sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Diferenças entre "nós" e a Europa

Uma discussão que se faz constantemente é uma comparação entre o "nós" - o Brasil, o RS, Porto Alegre - e o "primeiro mundo", os "países civilizados" e especialmente a Europa.

Lógico que a Europa está na frente de nós em muitos aspectos, não há o que discutir.

A dúvida é a seguinte: será que essa distância é maior ou menor hoje do que há 30, 40 anos atrás.

Eu acho essa distância hoje é maior.
Se por um lado as tecnologias, mídias e equipamentos (Internet, DVDs, TV por assinatura, cinema, computadores, etc.) são basicamente as mesmas e são lançadas simultaneamente nos dando a ilusão que nos aproximamos do "primeiro mundo", por outro lado eu sinto que nos afastamos cada vez mais do modo de vida "civilizado" no que tange ao respeito aos direitos do cidadão e da coletividade.

Assuntos como transporte coletivo, planejamento urbano, preservação do patrimônio histórico, preservação ambiental, coleta de lixo, tratamento de esgoto, manutenção de áreas verdes, economia solidária, educação e saúde públicas, passam muito longe das decisões dos agentes políticos. Principalmente nas cidades, onde afetam mais diretamente as pessoas que nelas vivem.

Para exemplificar reproduzo abaixo um trecho retirado de um texto do Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, que exemplifica um pouco o que estou querendo dizer:

(...)
O que me fez lembrar de um bom amigo, o Kai.
Kai é maratonista impecável, fundista da seleção olímpica da Alemanha.
E especialista em “energia renovável”.
Um dia, Kai veio a São Paulo vender projetos de energia eólica.
Encontramo-nos no “A Figueira”, em São Paulo, para que Kai pudesse destroçar uma picanha com fúria visigótica.
E Kai saiu-se com essa, num português obsceno: “Descobrrrrrrrrri a cidade mais corrrrrrrrrrrrupta do mundo”.
Qual é Kai ?, perguntei.
São Paulo, ele respondeu.
Por que você acha isso ? Você não sabe nada de São Paulo. Deixa essa arrogância germânica para lá.
Não, Paulo Henrrrrrrrrrrrrique. Hoje, pela prrrrrrrrrrimeira vez, eu pousei em São Paulo de dia, sem nuvens. E pude terrrrrrrrr uma ideia do volume de prrrrrrrrrrédios que a cidade tem. É uma murrrrrrrrrrralha de concreto, de 360 graus. E da falta absoluta de verrrrrrrrrrrrrrde.
E o que tem isso a ver com corrupção, Kai ?
Só numa cidade absolutamente corrrrrrrrrrrupta terrrrrrrrrria sido possível construir tantos prédios sem árrrrrrrrrrrrrrea verrrrrrrrrrrrrde.
Kai mora entre Berlim e Nova York.
Paulo Henrique Amorim

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