sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Considerações a respeito da paternidade

Este blog tem estado parado.
Mas tem estado parado por um bom motivo.
É que eu tenho vivido as emoções e todo trabalho resultante da paternidade.
Acreditem, ser pai cansa.
Eu sei, eu sei, ser mãe cansa muito, muito mais.
De qualquer forma estes primeiros momentos me fizeram fazer uma reflexão, que vou partilhar com vocês logo abaixo:

Muita gente diz que quando se tem filhos, é como se a gente voltasse a reviver a nossa vida de novo outra vez.
Algo assim:
Quando os filhos vão fazer o vestibular, os pais acompanham junto, lembram do seu tempo do vestibular, etc. O mesmo vale também para o primeiro emprego dos filhos.
Antes, quando os filhos tem suas dúvidas e rebeldias da adolescência, os pais lembram do seu tempo e das suas dúvidas e angústias que pareciam que nunca iam passar e de como tudo aquilo hoje não tem mais a menor importância. Enfrentam também o desafio de TER que ser caretas, esquecendo das drogas que usaram e de quanto beberam quando foram adolescentes. Poderiam ensinar como foi com as primeiras namoradas ou namorados. Nesse caso, acho que hoje em dia talvez até aprendam com os filhos...
Continuando, antes, quando menores os filhos, os pais podem lembrar como era brincar e brincar junto com os filhos. E ajudar no tema* da escola e lembrar os filhos de que devem fazer o tema* antes e brincar depois, ainda que quando fossem crianças ficassem remanchando a tarde inteira para terminar o tal tema* só às nove da noite depois da janta.
A assim vai, os pais vão revivendo tudo, a primeira viagem, o primeira volta de bicicleta, a primeira volta de bicicleta sem rodinhas, o primeiro beijo, a primeira pedra no caminho, o primeiro gol, o primeira briga, o primeiro trago, a primeira perda, o primeiro ganho, o primeiro show, o primeiro contato com a morte, o primeiro carro, a primeira ida para praia, o primeira festa, os primeiros etc e etc.
Mas isso todo mundo já sabia.

O que eu descobri e queria compartilhar é que essa identificação já acontece nos primeiros dias que os pais chegam em casa com o bebê.
E como se vivessemos num mundo e de repente, de uma hora para outra nos jogassem num mundo diferente. Exatamente como deve ser o nascimento para o bebê!
É tudo tão novo, são tantas dúvidas, tanto trabalho, tanta coisa pra aprender, tanta coisa pra fazer, tantas atividades que parecem tão fáceis antes e na hora são tão complicadas que os pais ficam atordoados e já não conseguem comer direito, não conseguem dormir direito, não descansam e correm correm de um lado para o outro sem saber como dar conta de tudo.
Nesses momentos dá vontade de chorar!
Chorar pra pedir comida - por favor alguém me traga um almoço, já são 4 da tarde!
Chorar para dormir - já nem sei mais o que é dormir mais do que duas horas sem acordar!
Chorar pra fazer barulho pra cabeça parar de pensar.
Chorar porque quero ir no banheiro e não consigo.
Chorar, chorar, chorar.
Claro que gente é gente grande e não chora.
Mas dá vontade...

Ah, nesses primeiros dias, tudo o que a gente queria era só um colinho e um berço quentinho pra poder descansar.



* explicando pros não gaúchos, tema = dever de casa, ou em bom português: homework.
PS: a maioria das repetições e pleonasmos no texto acima foram feitas de propósito. Ou não?

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